Saturday, August 26, 2006

Ora pois...

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Zigue-zagueou por entre as araras. Olhou para si, as roupas na sua mão e as pessoas em volta. Rodeou alguns manequins. Distraidamente seguiu em linha reta até: toc, esbarrou numa cadeira. Fitou o objeto e deparou-se com os seus pés, usavam havaianas. Girou, sentou e pôs-se a ver os sapatos e as botinas passeando na sua frente. Não haviam havaianas além das suas. Movimentou cada falange e gozou dessa liberdade. Fitou mais uma vez os passos alheios, ergueu o olhar às prateleiras, titubeou. Decidiu que bastava, pagaria apenas as roupas, não fazia tanto frio.
Como não achasse os caixas dirigiu-se a moça com o emblema da loja no bolso:
- Onde fica a fila?
- Perdão senhor...
- Onde posso pagar?
- Ah! Querias dizer a bicha...
- Bicha?! Vocês têm uma bicha a disposição dos clientes?! Ou é algum tipo de brincadeira comigo?
- Não, senhor. Todos os clientes enfrentam a bicha. O senhor também deverá enfrenta-la.
- Como assim, enfrentar a bicha?!
- Tenha graça! Do modo sempre feito: ficando atrás do...
- Não precisa completar! Muito me admira uma moça aparentemente tão educada me falando coisas desse tipo.
- Meu senhor, não vejo nada demais no que falei.
- Ah não?! Como diz a sabedoria popular : “as santinhas são as piores”. Mas tudo bem, diga-me logo: aonde posso pagar?
- Me acompanhe... – o rapaz a acompanhou – que te levarei a bicha.
O rapaz estacou:
- Aí minha nossa senhora! Não tenho tempo para brincadeiras, será? Não entendes?! Apenas quero levar essas roupas!
- Ora pois... para isso o senhor precisar pagar!
- Justamente! Justamente. Aliás, estou aqui a um bom tempo tentando convencê-la de me mostrar onde é o caixa!
Jogou as roupas em cima da vendedora muda, com olhos assustados. Saiu do shopping. Esperou o sinal ficar verde, alcançou a outra calçada, entrou no banco, parou na fila, olhou o relógio, procurou por outra fila. Mas leu uma placa: “bicha única”.
- Ora pois...
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Saturday, August 19, 2006

Blogueando

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Sorriso cínico.
Será? Só de pensar que depois o texto vai para o computador e a minha letra sai de fôrma? Nesse instante elas davam-se as mãos e agora estão assim: soltas.
Confesso: gosto de escrever. E gosto do que escrevo, Não, não é porque crio pérolas. Nada disso. Fato é: tenho afeto a tudo saído de mim. Isso mesmo, a tudo que escapole, não sei como, mas foge. Ah... mãos traidoras! Saem rabiscando o meu eu, tão zelosamente escondido!
Posto agora ser moda a introspecção, o eu confuso, posso me misturar, me diluir na multidão de poetas tímidos e anônimos.
Blogueando...
Neologismo, intimismo, automatismo.
Moda? É também não gosto disso. Mas... Sempre tem um porém! Pois então: vírgula.
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